Craque Imortal: Hector Yazalde


Sporting Brasil volta agora com a sessão "CRAQUES IMORTAIS" essa sessão tem como objetivo relembrar atletas que se destacaram no Sporting Clube de Portugal (Vejam aqui). 
Hector Casimiro Yazalde
Resumo da Sua Carreira
Hector Yazalde foi um grande jogador Argentino que atuava como Atacante. Ao longo da sua carreira, passou por 6 clubes, Huracán, Independiente, Sporting, Olympique Marselha, Newell's e Piraña (onde começou). Se tratando de títulos, ganhou 1 Campeonato Português, 1 Taças de Portugal, 2 Campeonatos Argentinos e 1 Copa da França. A nível pessoas ganhou a tão desejada Bota de Ouro na temporada 1973/1974 pelo Sporting ao fazer 46 gols, batendo o recorde do húngaro Skoblar. (batendo até a marca de Peyroteo e Eusébio que, todas as vezes que foram artilheiros do Campeonato não chegaram aos 46 gols), no ano seguinte foi artilheiro do Campeonato Português novamente com 30 gols, só que desta vez ficou com a Bota de Prata. 

Vida Pessoal
Hector Casimiro Yazalde nasceu em 29 de Maio de 1946, num bairro pobre de Buenos Aires. Devido à sua condição social desfavorecida, quando entrou para a escola aos sete anos, não tinha livros. Horácio Aguirre, um bom amigo, era quem lhe emprestava os livros para que pudesse estudar. Aos 13 anos começou a trabalhar para ajudar no sustento da família. Começou por vender jornais, depois bananas e por último a partir gelo. Em 1965, quando Yazalde foi assistir ao treino do seu amigo Horácio Aguirre, no Piraña, clube de Buenos Aires, pediu que alguém lhe emprestasse um equipamento para treinar. Na mesma tarde assinou o contrato e recebeu 2.000 pesos argentinos, que era o equivalente ao que recebia num mês, como vendedor ambulante de bananas. Dois anos passados e transferiu-se para o Independiente de Buenos Aires. Aos 20 anos, sagrou-se pela primeira vez campeão e recebeu o troféu de artilheiro. Não foi preciso muito tempo para que fosse chamado à seleção Argentina. Em 1967/1968 revalidou o título de Campeão Nacional da Argentina e com o dinheiro que recebeu comprou um apartamento no centro de Buenos Aires. Em 1970, surgiram convites do Santos, do Palmeiras, do Valência, do Lyon, do Nacional de Montevidéu e do Boca Juniors, mas quem o convenceu foi o dirigente do Sporting, Abraão Sorin. Em Portugal se casou com a modelo e atriz Carmizé, com quem formou um dos casais mais badalados da altura, e de quem teve um filho, Gonzalo, que nasceu em Maio de 1977. O casal veio a se separar em 1987. Em 2012 quando completou 15 anos da sua Morte, Carmizé, deu uma entrevista ao jornal OJOGO onde falou  "Yazalde amava o Sporting". Faleceu 18 de Junho de 1997 com 51 anos, em Buenos Aires, vítima de uma cirrose hepática e paragem cardíaca.


No Sporting e Seleção
Ao chegar ao Sporting ficou conhecido como "Chirola".
Em Janeiro de 1971 quando Yazalde estava de férias, foi alertado para a presença em Buenos Aires de Abraão Sorin, um destacado dirigente leonino, que foi até Argentina convencer o "Chirola" a vir para o Sporting. O acordo foi rapidamente selado pelo valor de cerca de 3500 contos e Yazalde juntou-se à equipe do Sporting, que estava em São Paulo, tendo jogado a segunda parte do jogo contra o São Paulo em 25 de Janeiro.
Chegou a Lisboa a 11 de Fevereiro, depois de ter mandado construir uma vivenda numa zona chique da Capital argentina, para onde foram viver os seus pais e, teve o seu jogo de apresentação ainda nesse mesmo mês, no entanto não podia ser inscrito para essa temporada, pelo que só se estreou oficialmente ao serviço do Sporting a 12 de Setembro de 1971 e logo com um hat-trick, numa vitória por 4-1 contra o Boavista, no primeiro jogo do Campeonato Português dessa temporada. Apesar desse bom começo, a sua adaptação ao futebol português foi algo difícil. Porém, na temporada 1972/73 Yazalde já foi o melhor marcador da equipe e contribuiu para a conquista da Taça de Portugal, marcando um gol numa Final em que o Sporting ganhou ao Vitória de Setúbal por 3-2.
A época de 1973/74 foi memorável para o Sporting, mas principalmente para Yazalde, que ao marcar 46 gols no Campeonato Português, conquistou a Bota de Ouro que consagra o melhor marcador dos campeonatos disputados na Europa, estabelecendo aquele que na altura era o recorde de golos desse prestigiado troféu. Como prêmio recebeu também um Toyota do Jornal Desporto, que vendeu dividindo o dinheiro com todos os companheiros de equipe, reconhecendo assim a importância deles na sua proeza. (Nessa temporada marcou em 22 jogos dos 30 jogos do Campeonato ficando apenas fora de um jogo contra o Porto.)
Na temporada seguinte (1974/1975) voltou a ser o melhor goleador do campeonato português, agora com 30 gols, que lhe valeram a conquista da Bota de Prata.
Em 16 de Outubro de 1974 viajou a Paris com a delegação do Sporting, para assistir à entrega da Bota-de-Ouro, galardão instituído na época 1967-1968 pela revista francesa France Football para premiar o melhor goleador de todos os campeonatos europeus.
Quando assinou contrato com o Sporting, pediu para que o seu Dinheiro fosse depositado todos os meses numa conta Num banco de Buenos Aires. Por sugestão de um vice-presidente de então, o seu ordenado era depositado em dólares (3 mil dólares) para fazer face à desvalorização do peso argentino. O dinheiro, na sua grande maioria era destinado aos seus pais e à sua família. Um dia, questionado pelo mesmo dirigente sobre como vivia, uma vez que grande parte do ordenado ficava na Argentina, Chirola respondeu:
“Não tenho grandes gastos. Sempre vivi com pouco dinheiro e nunca gostei de ostentações. Com o que fico, chega-me para comer todos os dias e não passar fome. Há quem precise mais do que eu."
Era uma figura ímpar, dentro e fora dos campos. Como jogador e goleador era único, soberbo. Como pessoa, como ser humano, um exemplo. Grande Homem.
Não participou em nenhum jogo da Taça de Portugal que o Sporting voltou a ganhar em 1974, e nem sequer marcou presença no Jamor no dia da Final, pois já estava na Alemanha em tratamento. Mesmo se recuperando de uma lesão, jogou em 3 jogos. Marcou 2 gols. O seu número na camisa da seleção alviceleste era o 22. Depois daquele Mundial encerrou sua carreira na Seleção, na qual marcou 2 gols em 10 jogos. No entanto não se esqueceu de mandar um telegrama a felicitar os seus companheiros por mais essa conquista, vitória por 2-1 sobre o Benfica.
Mylian Mylianic, treinador jugoslavo, tinha acabado de ser contratado pelo Real Madrid e fazia questão de levar Yazalde para a equipa merengue. Sabia bem que Chirola era um fora de série. O Real Madrid ofereceu 25 mil contos.
Estávamos no Verão de 1974 e o Presidente do Sporting era então João Rocha, que tinha sido eleito em Setembro de 1973. A situação afigurava-se muito complicada. Yazalde, como jogador fora de série que era e como goleador implacável, tinha despertado a cobiça dos “gigantes” do futebol, e ele próprio, no auge da sua carreira e com 28 anos, como se compreende, gostaria de ver a sua situação financeira melhorada.
João Rocha não tinha por hábito pagar bem aos jogadores e Yazalde não fugia à regra, mas sabia que se o deixasse sair criava uma enorme contestação e uma grande animosidade com a massa associativa e com os adeptos Sportinguistas, que justificadamente tinham como ídolo Yazalde. Mas também deveria saber que não era desfalcando equipes, nem com ouro no banco que se ganham campeonatos.
Chirola, que não era uma pessoa de muitas palavras, que era uma pessoa simples e de uma enorme humildade, das poucas vezes que falou sobre o assunto, ou sobre outro qualquer, terá dito ao jornal A Bola:
“O Real Madrid apresentou-me uma proposta muito superior à do Sporting. Temos de ver este ponto: Um Rolls Royce não pode gastar 5 litros aos 100. Portanto se o Sporting concordar em me pagar aquilo que corresponde à minha cotação na Europa, ficarei em Lisboa.” 
Não pagou. Mas Chirola ficou. O seu ordenado foi substancialmente melhorado e a 28 de Agosto de 1974 Yazalde assinou por mais duas temporada.


Exibindo a Bola de Prata
Exibindo a Bola de Ouro
Despedida do Sporting e Portugal
A 27 de Maio de 1975 o Sporting jogou contra o União de Tomar o jogo de desempate dos quartas-de-final da Taça de Portugal em Alvalade. Aos 60m Yazalde marcava seu 2° gol na partida. Seria o seu último gol ao serviço do Sporting. Seria o seu último gol em Alvalade. Seria o gol da despedida.

Dois dias depois, o Sporting foi jogar no Estádio do Bessa pela semifinais da Taça de Portugal contra o Boavista. Nesse dia, 29 de Maio de 1975, Yazalde fazia 29 anos. Foi o seu último jogo oficial de leão ao peito. A 17 de Junho o Sporting jogou contra o P.S.G. no torneio de Paris. Chirola vestiu pela última vez a camisa do Sporting.

Foi o Olympique de Marseille que o veio buscar. Embora tivesse contrato por mais 1 ano, o presidente João Rocha deixou-o partir. O país atravessava um período de bandalheira institucional em que não havia dia de amanhã. O Sporting não estava imune a esse vendaval. Pelo contrário. O Olympique de Marseille pagou 12.500 contos e levou Yazalde. O contrato foi por 2 temporadas. Continuou marcando gols, mas não foi feliz. Voltou para a Argentina, onde se tornou empresário de futebol. Sobre Portugal, Saudades?:
"Claro que sim. Gostava, aliás, que transmitisse através de A Bola que adoro Portugal. O Sporting e os Sportinguistas estarão sempre no meu coração."

Assim era Yazalde. Uma pessoa simples, uma pessoa humilde, mas de enorme carácter. Mesmo os adversários, tinham por ele grande admiração e grande respeito.

Desde o Los Andes e o Racing na infância, passando pelo Piraña e o Independiente, ao Sporting, Olympique, Newell`s e Huracán em final de carreira, Chirola deixou uma marca e um perfume para todo o sempre.

A família Sportinguista te agradece, eterno Chirola.



Fontes: WikiSporting

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